A epidemia da doença konzo na África foi explicada pelas peculiaridades da microflora dos residentes locais

A epidemia da doença konzo na África foi explicada pelas peculiaridades da microflora dos residentes locais
A epidemia da doença konzo na África foi explicada pelas peculiaridades da microflora dos residentes locais
Anonim

Os cientistas sugeriram que a epidemia de Konzo na África pode estar associada a micróbios especiais que vivem nos intestinos dos residentes locais. Quando as substâncias da mandioca se decompõem, esses organismos liberam cianetos que, como sugerem os especialistas, podem desenvolver a doença levando à paralisia. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Nature Communications.

"Os microrganismos estão longe de ser a única causa da doença konzo, mas desempenham um papel decisivo em seu surgimento. Se essas bactérias não existissem, a linamarina e outros glicosídeos cianogênicos da farinha de mandioca não representariam perigo para os humanos", disse um dos os autores do trabalho, o científico Matthew Bramble, do Hospital Nacional das Crianças dos Estados Unidos.

Konzo é uma das doenças neurofisiológicas mais comuns que freqüentemente afeta a população do Congo e de outros países da África Central. Não é encontrado em outras regiões do mundo. Esta doença causa graves distúrbios no funcionamento do cérebro e do sistema músculo-esquelético e, nos casos mais graves, causa paralisia.

Os cientistas ainda não sabem as razões exatas do aparecimento do konzo. Porém, percebeu-se há muito tempo que essa doença atinge os habitantes dessas regiões da África, cujos habitantes comem principalmente produtos derivados da farinha de mandioca. Na forma não tratada, essa planta é perigosa para o homem, pois contém glicosídeos cianogênicos - substâncias cuja decomposição libera cianetos e cianeto de hidrogênio.

Esses compostos podem causar paralisia e outros distúrbios associados à doença de Konzo. O problema é que nem todos os residentes do Congo e de outras regiões da África, onde a mandioca é a base da dieta diária, sofrem de konzo com a mesma freqüência. Considerações como essas levaram os cientistas a debater por muitos anos se os glicosídeos cianogênicos poderiam ser a verdadeira causa da doença.

Bramble e seus colegas sugeriram que a microflora intestinal dos residentes locais poderia ser a principal causa da epidemia de konzo. O estudo envolveu 180 crianças de diferentes partes da República Democrática do Congo. Em alguns deles, ocorreram surtos de konzo.

Comparando esses dados, os pesquisadores descobriram que a microflora de crianças de áreas afetadas da RDC quase sempre tinha um número incomumente alto de bactérias de três tipos: Lactobacillus plantarum, Leuconostoc mesenteroides e Lactococcus lacti. Suas células produzem uma variedade de enzimas que degradam a linamarina e outros glicosídeos cianogênicos encontrados na mandioca.

Bramble e seus colegas acreditam que esses micróbios são a principal razão para o surgimento do konzo em áreas da África onde ocorrem epidemias dessa doença. Os cientistas esperam que o seu estudo subsequente, bem como a análise das diferenças na composição da microflora em residentes aparentados de diferentes regiões do Congo, ajude os médicos a desenvolver os primeiros métodos eficazes de combate à epidemia konzo e revele outras razões para o desenvolvimento desta doença.

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